Rio Acima - Castelo Hanssen
Rio acima ( Castelo Hanssen )
Navegando rio acima
Num barquinho de papel,
numa aventura cruel
Cuja loucura me anima,
Eu vou atrás de uma rima
Que rime com tudo, enfim,
Que existe dentro de mim
E nunca será olvidado,
Eu vou atrás do passado,
Da nascente de onde eu vim.
Como um novo bandeirante,
De costas para o oceano,
Eu vou seguindo o meu plano,
Meu viver itinerante.
E nesse buscar constante,
hei de ser um curumim,
um molequinho levado
que hei de encontrar no passado,
na nascente de onde eu vim.
Cansado da modernagem,
Quero voltar às origens
Para fugir da vertigem,
Para fugir da miragem.
E nessa louca viagem
Eu quero fugir, assim,
De um presente tão ruim,
De tanto sonho frustrado.
Quero voltar ao passado,
À nascente de onde eu vim
Nessa viagem de volta
Quero rever a paisagem
Que vi na outra passagem.
Paisagens talvez já mortas,
Escritas por linhas tortas
Num rascunho de nanquim.
Começando pelo fim
No meu errar acertado,
Eu vou atrás do passado,
da nascente de onde eu vim.
Nas margens da minha vida
Vi tantas flores se abrindo,
A natureza sorrindo.
Paisagem hoje esquecida,
Que muita gente duvida
Até da cor do jasmim,
Do perfume do alecrim
E dos campos orvalhados.
E eu vou atrás do passado,
Da nascente de onde eu vim.
E mesmo assim, com coragem,
Vou levando o meu barquinho,
Pois aprendi a ser sozinho
E nem olhar para a margem.
Quando sentir as paragens
Que pairam dentro de mim
Eu terei chegado, enfim,
Ao meu país encantado,
Terei chegado ao passado,
À nascente de onde eu vim.
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